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ALIMENTO PARA O DIA

Beijar os pés

Postado em 23 de agosto de 2017

Quando meus filhos eram bebês, gostava muito de beijar seus pés. Como eram bonitinhos, cheirosos e fofinhos. Agora que eles cresceram um pouco, nem sempre são bonitinhos, cheirosos e fofinhos. Somente as vezes, depois de um belo banho, ainda dou beijos em seus pés.
 

Tenho a impressão de que quanto mais eles crescerem esta prática vá desaparecendo.  Hoje me deparei com o texto que narra sobre um jantar que Jesus vai na casa de um fariseu e de repente, uma mulher conhecida na cidade como  pecadora entra no local do jantar, se prostra aos pés de Jesus  e começa a lavar os pés do Mestre com suas lágrimas e enxugar com seus cabelos. Depois, ainda derrama perfume neles. 
 

Simão, o fariseu, pensa consigo que se Jesus realmente fosse um profeta do Eterno, não deixaria isso acontecer porque uma mulher pecadora não poderia tocar em sua pessoa santa. Jesus pacientemente conta uma parábola que leva a Simão a conclusão de que a pessoa com maior dívida ao ser perdoada será a que amará mais o perdoador. 
 

Jesus então o confronta dizendo que ele O recebeu em sua casa e não deu água para lavar os seus pés (um costume da época), não o beijou e muito menos deu um perfume caro a Ele. Enquanto aquela mulher pecadora estava fazendo isto de forma totalmente rendida e humilhada. 
 

Então, diz Jesus: “Portanto, eu digo, os muitos pecados dela lhe foram perdoados; pois ela amou muito. Mas aquele a quem pouco foi perdoado, pouco ama”.” Lucas 7:47 NVI
 

Simão só consegue enxergar a lei porque sua vida é norteada por fazer o certo e conseguir valor a partir disto. A tentação religiosa é tão poderosa justamente porque usa a virtude para inflacionar nosso eu e o nosso fazer. Quer me fazer digno e não trilha o caminho do verdadeiro autoconhecimento, mas no máximo a reflexão que se baseia em dar-se razão e fortalecer sua imagem. Religiosos são cheios de certezas a seus próprios respeito. 
 

Enfim, ama pouco a Jesus porque se ama muito. Uma frase muito falada hoje em dia, se eu não me amar, quem me amará? Se aquela mulher se amasse, como ela faria o que fez?  Como se humilharia e abriria mão de toda dignidade?  Como agiria assim correndo o risco de ser rejeitada, pois se Jesus fosse um fariseu faria isso!
 

O verdadeiro autoconhecimento nos faz ver nossa mazelas, fraquezas, pecados e limitações. Nos faz perceber que não somos melhores ou superiores aos outros, mesmo que façamos isso ou alquilo. E não ache que isto é uma apologia ao sentimento de inferioridade, pois este é o outro lado da mesma moeda da superioridade, continua centrado no seu próprio eu. 
 

O que a mulher fez, foi amar a Jesus. Ver nEle a única solução efetivamente, onde Ele é o Salvador, Senhor e Mestre da sua vida que só tem valor nEle.  Ela estava vivendo a partir da ideia: Eu não preciso me amar porque eu sei quem me ama, Jesus me ama!
 

O Evangelho é o convite de sairmos da prisão do eu, para vivermos a liberdade do verdadeiro amor que é Jesus Cristo. Eu quero diariamente me prostrar aos pés dEle e beija-los porque sei que muito Ele fez por mim e a única possibilidade que tenho é abrir mão de mim mesmo e viver por Ele.
 

Já beijou os pés de Jesus hoje? 

 

Rev. Marcio Tenponi

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